Se alguma vez encontrou um animal na rua, sabe bem a mistura de emoções que isso pode provocar: compaixão, preocupação e, muitas vezes, dúvidas sobre como agir.
Muitos tutores desesperam quando perdem os seus companheiros, enquanto outros animais são vítimas de abandono.
Saber exatamente o que fazer quando se encontrou um animal é essencial para garantir a sua proteção e bem-estar.
Avaliar a situação em segurança
Quando se encontrou um animal, o primeiro passo é avaliar a situação sem colocar ninguém em risco. Aproxime-se com calma, evite movimentos bruscos e esteja atento à linguagem corporal do cão ou gato. Animais assustados ou feridos podem reagir agressivamente, mesmo que sejam normalmente dóceis.
Se o local for movimentado, como uma estrada, redobre os cuidados para não se expor ao perigo.
Muitas vezes, um animal pode estar apenas desorientado e, ao sentir-se acolhido, permite a aproximação. No entanto, se apresentar sinais de medo extremo, como rosnar, encolher-se ou tentar fugir, é preferível não insistir e pedir apoio às autoridades.
Verificar sinais de identificação
Se encontrou um animal, deve procurar sinais visíveis de identificação, como coleiras com chapas que contenham o contacto do tutor. Essa é, muitas vezes, a forma mais rápida de devolver o animal à família.
Em Portugal, desde 2019, todos os cães, gatos e furões têm de estar registados no SIAC (Sistema de Informação de Animais de Companhia) com microchip. Assim, se encontrou um animal, leve-o a uma clínica veterinária ou hospital veterinário para verificar gratuitamente se possui chip. Através do SIAC, será possível identificar o tutor e facilitar o reencontro.
Este registo é essencial não só para devolver animais perdidos, mas também para responsabilizar os tutores, combater o abandono e garantir que cada animal tem um responsável legal.
Contactar entidades competentes
Depois de verificar a identificação, quem encontrou um animal deve contactar as entidades responsáveis:
- Juntas de freguesia – muitas possuem serviços de recolha de animais.
- Câmaras municipais – responsáveis pelos canis e gatis municipais.
- PSP ou GNR – especialmente em situações de perigo na via pública.
- Associações de proteção animal – que colaboram na recolha e divulgação.
Estas instituições trabalham em articulação com o SIAC e garantem que o animal recebe os cuidados adequados.
Outras entidades online às quais também pode acorrer:
- www.encontra-me.org – portal nacional de divulgação de animais perdidos e encontrados.
- www.findmypet.omv.pt – – plataforma da Ordem dos Médicos Veterinários.
- https://petify.io/ – aplicação que regista em tempo real animais desaparecidos ou encontrados.
Prestar os primeiros cuidados
Se encontrou um animal magro, ferido ou desidratado, tente ajudá-lo oferecendo água fresca e algum alimento apropriado.
Nos casos de ferimentos, procure o mais rapidamente possível apoio veterinário. Mesmo cortes pequenos podem infetar-se com facilidade.
Nunca utilize medicamentos humanos, pois muitos são tóxicos para cães e gatos. O ideal é manter o animal num local calmo, seguro e, se possível, separado de outros animais, até receber ajuda profissional.
Divulgar nas redes sociais
Uma das formas mais eficazes de ajudar quando se encontrou um animal é divulgar nas redes sociais. Publique fotografias nítidas, indique o local e forneça um contacto. Os grupos dedicados a animais perdidos e encontrados em diferentes cidades portuguesas são fundamentais para aumentar as hipóteses de reencontro.
Em muitos casos, bastam algumas horas para que alguém reconheça o animal e entre em contacto.
Associações de proteção animal
Se após todos os passos o tutor não for localizado, as associações de proteção animal desempenham um papel vital.
Em Portugal existem várias que acolhem, tratam e promovem a adoção responsável:
- União Zoófila (Lisboa)
- SOS Animal (presente em várias regiões)
- ANIMAL (associação nacional de defesa dos animais)
- Animais de Rua (atua em várias cidades, com programas de esterilização e acolhimento)
- Cantinho dos Animais de Évora (exemplo de associação regional)
Estas entidades trabalham com voluntários e dependem muitas vezes de donativos, mas têm uma enorme rede de apoio que pode ajudar a dar um novo futuro ao animal.
E se ninguém reclamar o animal?
Quando se encontrou um animal e ninguém o reclama, o destino pode passar pelo acolhimento num canil/gatil municipal, numa associação ou até pela adoção pelo próprio descobridor.
Se optar pela adoção, é fundamental atualizar o registo no SIAC, vacinar, desparasitar e esterilizar o animal. Estes passos garantem não só a sua saúde, mas também a prevenção de novas situações de abandono.
A importância da prevenção
Sempre que alguém encontrou um animal, percebe o quanto é vital que todos os tutores sejam responsáveis.
A prevenção passa por:
- Usar coleira com chapa de identificação.
- Manter o registo no SIAC atualizado.
- Não deixar os animais soltos em locais abertos sem segurança.
- Esterilizar para evitar crias indesejadas.
Com estas medidas simples, evitam-se muitas situações dolorosas, tanto para os tutores como para os animais.
Conclusão
Se já encontrou um animal, sabe que pode ser uma situação delicada, mas também uma oportunidade de mudar uma vida. Avaliar a segurança, verificar a identificação, consultar o SIAC, contactar entidades competentes, recorrer a plataformas digitais e divulgar nas redes sociais são passos fundamentais.
E quando se encontrou um animal realmente abandonado, esse gesto de ajuda pode transformar-se no início de uma nova história de amor e companheirismo através da adoção.